
Neste “Janeiro Branco”, mês de conscientização sobre os cuidados com a saúde mental e emocional, a Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ) alerta para a importância de uma atenção especial à população feminina. Estudos indicam que, seja pelas oscilações hormonais ou por fatores socioculturais, elas são mais suscetíveis a questões de saúde mental e estão mais vulneráveis a transtornos como depressão e ansiedade, por exemplo. Nos casos de sensação de tristeza profunda, tensão pré-menstrual (TPM) com sintomas muito fortes ou até mesmo de um desânimo generalizado que atrapalha a rotina, a mulher deve ligar o sinal vermelho e procurar ajuda profissional.
A psicóloga Maria Fernanda Calixto, da equipe da Secretaria de Estado da Mulher, explica que praticar o autocuidado também ajuda a manter o equilíbrio da saúde mental.
- Nós, mulheres, somos ensinadas a cuidar do outro, mas precisamos aprender a nos cuidar também. Precisamos olhar para nós mesmas e observar os sinais que nosso corpo nos dá. A mulher precisa considerar ter momentos de lazer, higiene do sono e priorizar uma alimentação balanceada – indica Maria Fernanda.
Mas se a pessoa estiver se sentindo triste por muitos dias seguidos, ao ponto de isso estar atrapalhando seu relacionamento com os familiares e sua rotina, ela deve procurar ajuda profissional na rede pública de saúde.
- Não tenha receio de procurar um profissional de saúde, já que há um tabu relacionado à saúde mental. Vá a uma clínica da família ou ao posto de saúde e marque uma consulta. Muitas vezes, a mulher está tão inserida num contexto que não percebe que está adoecendo. Gosto de usar a metáfora das máscaras de oxigênio no avião: primeiro coloque a sua, para depois poder ajudar os outros – diz a psicóloga da SEM-RJ.
Praticar meditação e fazer exercícios físicos regulares também são boas estratégias para fortalecer a saúde mental das mulheres, recomenda a psicóloga Natália de Cerqueira, da Casa Abrigo Lar da Mulher, que acolhe vítimas de violência no estado.
- Nós viemos de uma construção cultural em que a mulher é responsável por todo o cuidado da família e, quando isso se reformula, com a dupla jornada de trabalho, ela passa a ter que reequilibrar as responsabilidades domésticas, além da maternidade, o que a leva a um nível bem elevado de estresse, ocasionado a exaustão mental. E com isso ela passa a ter menos tempo para ela e para as coisas que ela tem mais prazer de fazer– analisa.
Em mulheres vítimas de violência, explica a psicóloga da Casa Abrigo Lar da Mulher, o apoio de um profissional de saúde é fundamental. Muitas delas chegam ao abrigo com sintomas de depressão, transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
- O acompanhamento de um profissional especializado vai auxiliar esta mulher no processo de recuperação e apresentar ferramentas para que ela possa usar na vida dela - diz Natália.
O que é o Janeiro Branco
Criada em 2014 pelo psicólogo e palestrante Leonardo Abrahão, em Minas Gerais, a campanha Janeiro Branco virou lei em 25 de abril de 2023 (lei 14.556/2023). No mês de janeiro, são realizadas campanhas nacionais de conscientização, visando alertar para os cuidados com a saúde mental e emocional da população, a partir da prevenção das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico.
Foto: Carlos Magno