Unidade é a primeira da América Latina a sediar o Encontro Cajal fora da Espanha
O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN) é o primeiro centro médico da América Latina a receber o Encuentros Cajal, projeto itinerante sobre Neurociências, Neurodireitos e Inteligência Artificial, lançado pelo governo da Espanha em parceria com a Fundação Cajal. O evento, realizado no auditório da unidade nesta quinta-feira (07/11), será realizado em vários países no âmbito do Ano Cajal (que se estende até 2025). O objetivo é a troca de experiências sobre os temas, que representam desafios para a ciência, já que não estão isentos de riscos éticos para a democracia e os Direitos Humanos.
O IECPN foi escolhido como a primeira sede desses encontros na América Latina. A unidade, que é referência internacional em neurocirurgia de alta complexidade e que oferece exclusivamente para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), atendimento integral das doenças neurocirúrgicas do sistema nervoso central, como tumores cerebrais, vasculares, aneurismas, Parkinson, Epilepsia e da área de neuroendocrinologia, quer estabelecer uma colaboração anual com os cientistas espanhóis para troca de experiências e de temáticas de estudos e de intercâmbio com institutos médicos da Espanha para fortalecimento da Ciência Médica.
A secretária de Estado de Saúde, Cláudia Mello, participou do início do encontro, que também contou com a participação do conselheiro científico-cultural da embaixada da Espanha no Brasil, José Miguel de Lara Toledo; do diretor do IECPN, Paulo Niemeyer Filho; da presidente da Academia Nacional de Medicina, Eliete Bouskela; e a presidente da Associação dos Cientistas Espanhois no Brasil (Acebra) e pesquisadora do IECPN, Verónica Aran.
“Quando ingressei no serviço público, tracei a meta de aprender um pouco mais a cada dia. E hoje, aqui no IECPN, me recordo desse compromisso e me sinto bastante feliz em ter a oportunidade de aprender mais com os companheiros da Espanha”, afirmou a secretária.
Após a abertura, médicos e pesquisadores brasileiros e espanhois participaram dos paineis “Diálogo em Neurociência entre Espanha e Brasil”, moderado pelo professor-doutor Vivaldo Moura Neto, do IECPN; e “Neurociência e avanços clínicos”, que teve moderação do professor e diretor do IECPN, Paulo Niemeyer Filho.
“Esse encontro é importante tanto para o IECPN como para todo o país. A escolha do Rio de Janeiro para sediar o primeiro evento Cajal da América Latina é uma deferência, uma prova da qualidade dos serviços que prestamos por aqui”, destacou o diretor Paulo Niemeyer Filho.
O conselheiro científico-cultural da embaixada da Espanha no Brasil, José Miguel de Lara Toledo, destacou os frutos que ambos os lados podem colher com esse vínculo.
“Com a realização do evento Cajal aqui no Instituto Estadual do Cérebro, a gente não está criando uma relação nova, estamos estruturando uma cooperação que já existe. A diplomacia científica tem um objetivo que é a difusão das produções, e é um campo das relações bilaterais que tem muito potencial”, destacou o conselheiro.
Quem foi Santiago Ramón y Cajal
Nascido em 1852 na Espanha, Santiago Ramón y Cajal é considerado por muitos cientistas como o “Pai da Neurociência Moderna”, por seus estudos relacionados à estrutura e função do cérebro. Neuroanatomista, ao longo de cinco décadas produziu conhecimento sobre as células do cérebro, os neurônios e astrócitos, descrevendo ainda com seus colaboradores demais células cerebrais, como oligodendrócitos e microglias. Estabeleceu os princípios da celularidade do cérebro. Quando não podia explicar, estabelecia hipóteses que hoje são comprovadas. Em 1906, Cajal foi agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina, dividindo essa glória com seu adversário científico, o italiano Camillo Golgi. Sua obra atravessou séculos e será para sempre a obra básica do entendimento das funções do cérebro.